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Bordadeiras da Chapada, 15 anos de ponteio e memória
Texto e fotos de Valéria del Cueto
Com quantos fios se faz uma história? Quantas mãos são necessárias para se bordar referências e memórias? Por quanto tempo se preserva um lugar por meio de delicadas peças artesanais espalhadas mundo a fora?
Há quinze anos as Bordadeiras de Chapada dos Guimarães registram traços originais riscados pela arte educadora Louriza Boabaid. São imagens, mensagens e costumes ponteados em linhas tramadas nos tecidos trabalhados por mulheres dedicadas a um ofício artesanal, terapêutico e complementar de geração de renda no coração do Centro-Oeste brasileiro.
O início do projeto foi num curso ministrado pelas Bordadeiras do Grupo Matizes Dumont/MG, no município mato-grossense distante 60 quilômetros da capital do estado, Cuiabá.
Um dos princípios que consolidaram o coletivo foi a temática que lhe deu características próprias e projeção com a escolha dos temas bordados em peças originais que valorizam a terra, seus costumes e a natureza exuberante do cerrado.
Toalhas, vestidos, aventais, almofadas, etiquetas de bagagem, bolsas... Não há limites para a aplicação dos trabalhos manuais chapadenses à venda para pronta entrega na sede das Bordadeiras ou por encomenda, no caso de produtos exclusivos.
Enquanto houver frutos, flores, pássaros, paisagens e muita poesia elas espalharão suas mensagens e a beleza de seus pontos. Simples a princípio, mas cada vez mais elaborados com o desenrolar dos trabalhos que se iniciam nos cursos oferecidos no espaço localizado quase na entrada da Rua Coberta, no centro de uma das cidades turísticas mais charmosas de Mato Grosso.
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| Ambiente acolhedor para expor os trabalhos Clique no LINK para acessar o album Bordadeiras da Chapada dos Guimarães no Flickr |
Aproximadamente 500 alunas passaram pelas aulas ministradas pelas bordadeiras mais antigas coordenadas por Emília e administradas pelo coletivo originário das artesãs.
Entre risadas e conversas animadas os encontros servem de aprendizado e, também, para desopilar os problemas cotidianos das participantes das atividades numa terapia informal.
As tensões são aliviadas em aulas de dança que ajudam a relaxar o corpo e melhorar a postura das alunas. Sabia que as linhas devem ser no máximo do tamanho do antebraço para não prejudicar a ergonometria e causar lesões?
As reuniões acontecem nos dias em que a sede das Bordadeiras da Chapada dos Guimarães, na Rua Santo Antônio, 106, está aberta ao público, às quartas, sextas e sábados, das 14:30 às 17h.
Entre quitutes levados para o lanche, um cafezinho ou um suco, as bordadeiras dividem as tarefas, os riscados e as linhas de cada imagem da memória da baixada e do entorno de Cuiabá a ser bordada.
Os trabalhos retratam a Igreja de Santana (logo do coletivo), as cachoeiras e paisagens da Chapada, ditos cuiabanos, trechos de poesias (as de Ivens Scaff fazem o maior sucesso), a flora e a fauna do cerrado, assim como o resgate do folclore local como o Troá, figura mítica regional.
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| Do folclore local, o Troá, guardião das florestas Clique no LINK para acessar o album Bordadeiras da Chapada dos Guimarães no Flickr |
Esse imaginário vagarosamente se espalha pelo mundo por meio das vendas dos produtos, participações em eventos de moda, exposições, programas de TVs nacionais, estrangeiras e redes sociais.
Visitar a sede das bordadeiras é uma viagem pelas tradições locais, um mergulho nos signos e ícones que representam a cultura popular de um Mato Grosso profundo que precisa ser preservado e divulgado.
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| A sede das Bordadeiras, no antigo Hospital Santo Antônio |
Acha pouco? As meninas (e meninos como Beto, conhecido pela destreza em pontear as letras das frases e mensagens bordadas) querem mais! Também estão abertas as aulas de pintura em tecido.
A mais nova atividade é o curso para turistas de confecção de bonecas africanas Abayomis, feitas com pedaços de tecidos. Tradição trazida nos navios negreiros. A visita é agendada por uma agência de viagem e é mais uma fonte de renda para a conservação do espaço e a remuneração das bordadeiras.
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Para quem chega na Chapada dos Guimarães, a visita a sede das Bordadeiras é uma porta aberta para [re]conhecer um pouco do que Mato Grosso (ainda) tem de melhor representado pelo trabalhado feito por mãos que expressam as belezas e a sabedoria do cerrado mato-grossense.
*Valéria del Cueto é jornalista e fotógrafa. Da série “Parador Cuyabano” do SEM FIM... delcueto.wordpress.com
O mapa do tesouro cultural das Bordadeiras: Chapada dos Guimarães
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